A férias estão acabando, bem como minha procrastinação.
Ao menos estou feliz pois ao que tudo indica uma fase bem ruim passou. Pensando melhor, feliz é um termo utópico, eu apenas estou satisfeita.
Durante muitos anos me culpei por não ser boa o suficiente para as pessoas, por não conseguir mantê-las em minha vida pelo tempo que eu gostaria, ou apenas por não conseguir estabelecer laços. Até eu perceber que eu não sou a única responsável por esses laços, e que pessoas, assim como eu, fazem escolhas para a sua vida, escolhas que irão melhorá-la ou não.
Se eu as perdoo pela dor causada a mim ? Perdão é uma habilidade divina que não me foi dada, e minha natureza não acredita que pessoas podem ser perdoadas. Eu simplesmente as deixo ir, e observo. A dor que me foi causada sempre volta, de uma maneira ou de outra, mas isso não é mais minha responsabilidade, são pessoas encarando seus erros, bem como estou encarando os meus. Elas são livres, assim como eu.
Fico feliz (e nesta sentença eu realmente quero dizer feliz), por ser exatamente a pessoa que eu sou. A pessoa insuportável, mal-humorada, rancorosa e preguiçosa e louca. A pessoa que prioriza sua banda preferida antes de todo mundo, menos dos seus pais. A pessoa que não se importa em declarar o seu amor em público pelo seu baterista preferido, ainda que os olhos alheios a julguem o tempo inteiro, embora as bocas não tenham coragem de dizer isso. Exatamente aquela que surta, chora, dá seu melhor e se doa em tudo que faz mesmo que se machuque. Esse sim é um dom que foi me dado, um dom de estar 800% em tudo o que eu gosto, penso e admiro. Da minha louca vontade de lutar por tudo o que desejo. E acima de tudo, feliz por ser difícil de lidar, extrema, reclamona e paranoica, dessa maneira quem é de verdade permanece. Não há espaço para gente mentirosa e que valoriza coisas fúteis e paralelas. Quem sente, ouve, grita, ama e está presente de verdade, permanece.
O resto, é somente o resto, e que lide com isso por si só.
-Biah Comeau (Julho de 2017)